11/06/07

Visita a Vale de Figueira - Centro de Bem Estar Social

Segunda Feira, dia 11 de Junho de 2006 [10:00 - 13:00] Vale de Figueira (Santarém.

Eis que voltamos! Agora renovados na comitiva, mas cientes do caminho. Hoje foi um dia de emoções fortes. Logo de manhã, o grupo aguardava paciente pela chegada da carrinha, uma outra cedência da Junta, para percorrer os trinta e poucos quilómetros que distam entre as duas freguesias.

O grupo (8 pessoas) era constituído pelo presidente e pela tesoureira, ambos preparados para ouvir "das boas", e por seis associado(a)s: Alice Relveiro, Rogério Bom, Ramiro Fialho, Maria José Fialho, Lurdes (Fialho!!!) e Laura Marques.
Muitas expectativas e ansiedade perante uma realidade (a nossa) que se deseja alterar tão depressa quanto o nosso desejo (parecido com a realidade de Vale Figueira). Durante o caminho falou-se destas e de outras propostas, do como, do quando e dos porquês!! ... e láfomos indo.

Chegados ao Centro de Bem Estar Social de Vale Figueira, mesmo ali ao lado do combóio (que por acaso ali passou umas boas vezes!), houve logo simpática recepção pela Drª Cláudia - Directora Técnica - que começou por nos introduzir na realidade do local. Algumas semelhanças, o dobro da população, os mesmos efeitos do tempo que passa (o abandono dos campos, a fuga para as cidades, o envelhecimento continuado, as crianças que não chegam, os problemas que não acabam, mas ... muita capacidade instalada, assertividade q.b. (nesta altura chegou uma ajudante que por acaso tinha acabado de matar um cão, acidentalmente claro!, muito embora não tenha sido esse o entendimento da desgraçada da dona. A ti Lurdes percebeu logo o caso. Também já passou por isso. "Ele há com cada uma. Em termos de dar cabo do carro e do serviço às pessoas. parece impossivel!").
A Drª estava em plena descrição quando surgiu o Sr. Alexandre Silva, presidente da Direcção, alma viva e animada que, em termos de desenvolvimento, tem trazido muito e do bom a estas terras.

A apresentação foi correndo ao sabor das nossas vontades, aproveitando a experiência e o saber-feito de quem já trabalha estas coisas a peito (muito embora o Sr. Alexandre diga que cada vez tem mais medo!). Questionado sobre os problemas e as virtudes com que se têm deparado, disparou sempre, confiante;

é muito difícil, não se pense que se trata de uma coisa que se leve assim, levemente.
Problemas, sempre existiram: porque as pessoas se acostumam a certas coisas que depois são difíceis de alterar (muito embora algumas dessas situações tenham sido criadas a titulo de ajuda ou solidariedade;

porque sempre se falou em utentes, mas as politicas actuais tratam as pessoas como clientes (porque assim pagam um serviço pelo qual podem exigir cada vez mais; porque as famílias nem sempre estão onde habitualmente estavam (por muito que isso nos custe!);

porque a partir do momento em que estas coisas começam, dificilmente nós saímos delas e dificilmente os outros querem entrar nelas;

porque a melhor coisa que isto tem é o reconhecimento público do(s) nosso(s) valor(es) e da importância das nossas acções na felicidade dos outros e no alongar dos anos; porque ... o sucesso diz respeito a nós e o insucesso diz respeito a todos (porque eventualmente não permitiram que se criassem as condições para tal!).


De entre todas as valências que actualmente existem, o serviço de apoio domiciliário é, segundo o Sr. Alexandre, o melhor. Por vários motivos, todos eles amplamente comprovados. Mas nunca se deve esquecer que as coisas hoje estão muito diferentes. Há que ter em atenção que existem entidades com responsabilidade acrescida neste âmbito: a Rede Social, os programas de apoio (PARES, PAII, ..), as actividades de angariação de fundo, que acabam por ser um inacreditável contributo para o desenvolvimento social de qualquer freguesia. As aldeias não morrem se estas ideias e estas experiências também não morrerem. Compete-nos a nós, a todos nós, lutar contra as ideias feitas, contra as conversas de taberna, não perder demasiado tempo a dizer mal, nem dos outros nem de nós. Uma lição de cidadania activa. Veja-se o exemplo dos festivais do arroz doce, de que deixamos aqui um cheirinho caseiro (esta é a capa de uma publicação criada a pensar nos saberes das pessoas, nos modos e nas maneiras de ser, sem deixar de valorizar o que se tem.

A visita às instalações foi logo a seguir, dando a possibilidade de questionar o que fomos vendo, deixando por vezes a sensação de que esta é a perspectiva mais correcta - ver e observar situações reais -. Damos um exemplo: até agora, tinham-nos dito que a melhor solução em termos de banhos para idosos passava pela introdução de um espaço com uma banheira central, que permitisse a intervenção de duas auxiliares, uma de cada lado. Pois bem, nem sempre será assim. A prática parece demonstrar (como geralmente acontece!), que a realidade por vezes nos leva a ter em conta outras opções e neste caso, a banheira também tem problemas que se resolvem com um simples pavimento corrido, ou com um poliban mais versátil. ideias!

Cerca das treze horas deu-se por encerrada a visita, trocaram-se algumas ideias finais e, como se não tivesse bastado a simpatia e a disponibilidade, eis que somos brindados com a oferta de alguns ex-libris da instituição e da freguesia. Todo este material é agora património vivo dentro da Salpiquete e valor simbólico de tudo o que pretendemos levarpor diante. Um destaque muito especial para a colectânea de poemas da terra ... Mesmo a calhar.
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"... dias diferentes não existem
quando não se tenta
quando não se procura
quando não se busca
quando se insiste
na tortura
e não se resiste
à solidão
e se permanece triste"
(Miguéis, C. 88: 51)

1 comentário:

MP disse...

Caros amigos, uma vez que é dificil para mim estar presente nas actividades que estão a desenvolver,resolvi apoiar-vos virtualmente através do meu blog. Beijinhos a todos!

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