13/11/10

BASE - Banco de Serviços Experimentais



Desde 2006, altura em que foi formalmente constituída, que a Salpiquete tem tentado levar por diante as suas propostas de trabalho, respeitando na íntegra os pressupostos iniciais que estiveram na sua génese, tendo como principal objectivo a criação de uma estrutura de apoio ao domicilio. Numa das suas primeiras incursões neste domínio, foi possível identificar uma série de pessoas que, de imediato, se disponibilizaram para acolher a ideia, sobretudo no que respeita aos serviços básicos habitualmente propostos (alimentação, limpeza da casa, higiene pessoal e higiene da roupa).

Com este primeiro inquérito sobre as possibilidades e disponibilidades da freguesia e das suas gentes, realizado com o apoio do Instituto da Juventude (que permitiu associar alguns jovens a este trabalho de pesquisa e diagnóstico), deu-se início ao processo de sensibilização inicial, que deveria culminar com a produção de um documento que estruturasse o tão desejado serviço de apoio ao domicilio, o que não veio a acontecer tão rapidamente. Trata-se de um documento que continua a ser construído, ainda que de forma lenta e acautelada.

A partir de 2007, as expectativas foram sendo ajustadas à realidade, quer através de contactos com entidades já com experiência adquirida e com provas dadas neste domínio, quer através de Acções de Formação proporcionadas ou promovidas pela associação, tendo por destinatários os seus associados e as pessoas que, num futuro próximo, poderiam apoiar todo este processo. Durante dois anos, a realidade não favoreceu abordagens técnicas nesta área, nem as oscilações do próprio “aparelho do Estado” favoreceram a sua criação. Entrou-se, ao longo dos últimos anos, em constante estado de crise e descrédito.

As opções recaíram, por isso, em actividades de cariz sociocultural, onde o lazer associado à cultura, usos e costumes locais, permitiram o desenvolvimento de experiências notáveis, do ponto de vista da auto-imagem e da auto-estima individual e colectiva da nossa freguesia no contexto alargado do concelho ou da região. Jamais poderemos dizer que não foram momentos de grande valor nas nossas vidas e na vida da associação. Disso, já ninguém nos poderá afastar.

Mas, porque se mantêm intactos todas as propostas inicialmente sinalizadas, e porque se justificam, cada vez mais, intervenções estruturadas e pertinentes na área social e comunitária, assim como talvez se justificassem noutras àreas (agricultura, economia, conhecimento, etc.), parece-nos chegado o momento de passar das intenções às acções concretas no domínio do apoio social de base local e domiciliária. Por isso mesmo se avança, para o ano de 2011, para uma primeira tentativa de experimentação, no terreno, de um conjunto de propostas orientadas para o tipo de serviços de proximidade, de acordo com as necessidades mais evidentes que vierem a ser identificadas.

Dado que não possuímos, para já, as condições mínimas exigidas para a manutenção de um efectivo serviço de apoio ao domicílio, a proposta passa(rá) pela criação de um “banco de serviços”, a título experimental, que como o nome indica, pretende ser uma primeira tentativa de sinalizar diferentes opções de intervenção, ao mesmo tempo que se avaliam as reais capacidades de acção e envolvimento por parte da Salpiquete.

Para desenvolver esta proposta, será necessário mobilizar alguns dos múltiplos recursos, bem como alargar algumas das parcerias possíveis, de modo a obter as condições que permitam uma execução bem sucedida. Em termos concretos, aquilo que iremos designar por “Banco de Serviços Experimentais”, será composto por quatro áreas de actividade, que se serão concretizadas do seguinte modo: 



  • ÁREA DE ALIMENTAÇÃO: onde se pretende intervir em situações de carência ou abandono, cuja identificação deverá ficar a cargo das entidades responsáveis, nomeadamente a Rede Social do Concelho de Rio Maior, a Comissão Social Inter-freguesias de Arrouquelas, Assentiz e Ribeira de São João. De acordo com as necessidades identificadas, é nosso objectivo criar as condições básicas para o apoio em termos de alimentação, prevendo-se neste âmbito a possibilidade de ajustar a prestação (confecção e transporte), sem pôr de parte a necessidade de recorrer à utilização de um espaço – sede, para a realização das tarefas que envolvem esta proposta, nomeadamente a aquisição, confecção e embalamento das refeições. Os custos associados à actividade serão repartidos pelas entidades cooperantes (Câmara Municipal de Rio Maior, Rede Social, Comissão Social Inter-freguesias, Junta de Freguesia de Arrouquelas) e pelo(s) beneficiário(s). 


  • ÁREA DE LIMPEZA DA CASA: em que se pretende apoiar a melhoria das condições de higiene e salubridade de habitações de pessoas mais carenciada, ou que, por outros motivos, não possam ou não consigam, levar por diante essas tarefas. A proposta poderá ser implementada em paralelo com a actividade “Alimentação”, ou poderá funcionar isoladamente, de acordo com as indicações mais ajustadas que vierem a ser exercidas pelas entidades competentes. De acordo com o número de beneficiários, poderão assegurar-se as tarefas básicas de limpeza da casa, em períodos semanais, com enfoque nas principais divisões da habitação (cozinha, quarto, sala e casa de banho). O(s) custo(s) associados fica(rão) a cargo do beneficiário, caso as entidades não encontrem forma de apoiar este tipo de intervenção. 


  • ÁREA DE ROUPA LAVADA: onde se pretende dinamizar uma actividade que dependerá da receptividade junto da população. Este facto irá determinar não só a dimensão da tarefa, como também a intensidade com que se irá efectuar, sendo necessária a mobilização de algum equipamento para se proceder em conformidade. O valor do investimento poderá ser um aspecto de difícil resolução, pelo menos numa fase inicial. De qualquer modo, e sempre que se possa funcionar numa base mista, entre o nível doméstico e o industrial, a proposta passará sempre pela verificação das reais capacidades da nossa intervenção, também neste domínio. Os custos com o apoio deverão ser imputados aos beneficiários, com eventual comparticipação das entidades cooperantes. 


  • ÁREA DE PEQUENOS ARRANJOS: onde se irá propor a realização, no espaço da freguesia, de pequenas tarefas de difícil execução para algumas pessoas, como seja o caso das pessoas mais idosas. A ideia passa(rá) pela angariação de um “corpo de voluntários” que, gradualmente, irá sendo responsável pela execução destas tarefas, em tempos e em espaços devidamente sinalizados, sob coordenação da Salpiquete. Trata-se, portanto, de um pequeno serviço de apoio a pequenos arranjos utilitários, que poderá ser assegurado por qualquer pessoa que se disponibilize para o efeito e que, de acordo com as suas competências, possa assegurar a resolução de pequenos problemas, que poderão passar pela substituição de uma lâmpada, arranjo de uma janela, mudança de uma telha, entre outras possibilidades. As despesas com os materiais utilizados ficarão a cargo dos beneficiários. 


O somatório de todas estas propostas deverá ser entendido como ponto de partida para a construção, num futuro próximo, da estrutura que tem vindo a ser criada ao longo dos últimos anos, enquanto mero projecto de intenções, que deverá revestir a forma de Serviço de Apoio Social Integrado. Para a sua concretização será igualmente necessária a adesão da Salpiquete à estrutura actual do Conselho Local de Acção Social (CLAS) do Concelho de Rio Maior, o que deverá acontecer durante o primeiro semestre de 2011.

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Relatório & Contas 2018

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